terça-feira, 30 de dezembro de 2008

SABER CUIDAR DAS PESSOAS DE NOSSAS CIDADES

Em momentos críticos como os que vivemos de crise mundial, inicio de ano e pela expectativa da posse dos (as) prefeitos (as) , revisitamos a teimosa esperança de dias melhores e nos colocamos no caminho da conversão de nossos hábitos cotidianos e políticos, privados e públicos, culturais e espirituais. Na crise e nas viradas de ano temos a necessidade de novos paradigmas pessoais e sociais que inaugure um novo pacto social que seja capaz de propor alternativas que representem uma nova esperança.

Encerrando 2008 e iniciando 2009, nossa teimosa esperança nos impõe um desafio permanente de lidar com sonhos. Sonhos de mudanças e transformações, que nos foram oferecidos nas últimas eleições nas promessas dos candidatos, mas que também é fruto da nossa indignação compromissada que quer tornar-se atitude, ação concreta de protesto ou de defesa de valores que acreditamos. No fundo de nós mesmos, ano após ano, lutamos para não perdermos a virtude da sensibilidade humana que funciona como antídoto ao sentimento de abandono que parte da população de nossas cidades sente. Essa população é composta de pessoas concretas. Homens e mulheres possuidores de um rosto, de um olhar que torna impossível a indiferença.

Neste sentido, aproveitando os tempos de mudanças, nos perguntamos: Qual é a importância da gestão pública nas nossas vidas? Em que consiste o papel do gestor? Como garantir programas e políticas públicas para que a capacidade coletiva aumente e o serviço público seja de melhor qualidade? Os (as) eleitos (as) e re-eleitos (as) já se deram conta da diferença entre os conceitos administrar e cuidar?

A resposta a estas perguntas divide as políticas públicas, as tradições humanistas, os partidos, as igrejas, as entidades e os movimentos. Cresce, em nossa Região, mais e mais a convicção de que as estratégias meramente assistencialistas e paternalistas não resolvem como nunca resolveram os problemas dos pobres e excluídos. Há um descuido e um descaso pela coisa pública. Organizam-se políticas pobres para os pobres; os investimentos sociais em segurança alimentar e nutricional, em saúde, em educação e em moradia são, em geral, insuficientes. Há um descuido vergonhoso pelo nível moral da vida pública marcada pela corrupção e pelo jogo explícito de poder de grupos marcados pelo interesse corporativo.

Um dos maiores desafios lançados à política orientada pela ética e ao modo-de-ser-cuidado é conceber a gestão pública como idéia de serviço à sociedade, muito além da imagem de desconfiança, formalismo e burocracia que o senso comum sugere. O (a) gestor (a) público é acima de tudo um (a) servidor (a), e sua missão é garantir a funcionalidade da estrutura administrativa para que os direitos das pessoas sejam assegurados e também para que os deveres dos cidadãos e cidadãs sejam cumpridos. O ocupante da função pública, para ser legítimo e plenamente representativo, tem que estabelecer formas de aferição para agir com sintonia com seus representados. Prestar contas do que faz. Saber lidar com os mecanismos de controle, que há tempo deixaram de ser apenas as ferramentas tradicionais de avaliação. Buscar a governança através do consenso firmado na transparência, no bem comum e na garantia de que as mudanças que se fazem necessárias serão implementadas nos próximos quatro anos.

Assim, mais do que uma reflexão, é necessário nos convencermos de que a construção de uma nova sociedade está diretamente relacionada com os valores que praticamos. Mudar a sociedade não é apenas mudar os proprietários dos meios de produção, mudar o regime político, transformar as classes sociais. Representa uma atitude de ocupação, preocupação, de responsabilização e de envolvimento afetivo com o outro. Cuidar é mais que um ato; é uma atitude.

José Lourenço Pechtoll – jornalista; Gerente de Armazenagem da Ceagesp.
pechtoll@terra.com.br

Ademir de Souza – Contabilista; Assessor Técnico da Ceagesp
ademir.souza@uol.com.br

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