terça-feira, 30 de dezembro de 2008

SABER CUIDAR DAS PESSOAS DE NOSSAS CIDADES

Em momentos críticos como os que vivemos de crise mundial, inicio de ano e pela expectativa da posse dos (as) prefeitos (as) , revisitamos a teimosa esperança de dias melhores e nos colocamos no caminho da conversão de nossos hábitos cotidianos e políticos, privados e públicos, culturais e espirituais. Na crise e nas viradas de ano temos a necessidade de novos paradigmas pessoais e sociais que inaugure um novo pacto social que seja capaz de propor alternativas que representem uma nova esperança.

Encerrando 2008 e iniciando 2009, nossa teimosa esperança nos impõe um desafio permanente de lidar com sonhos. Sonhos de mudanças e transformações, que nos foram oferecidos nas últimas eleições nas promessas dos candidatos, mas que também é fruto da nossa indignação compromissada que quer tornar-se atitude, ação concreta de protesto ou de defesa de valores que acreditamos. No fundo de nós mesmos, ano após ano, lutamos para não perdermos a virtude da sensibilidade humana que funciona como antídoto ao sentimento de abandono que parte da população de nossas cidades sente. Essa população é composta de pessoas concretas. Homens e mulheres possuidores de um rosto, de um olhar que torna impossível a indiferença.

Neste sentido, aproveitando os tempos de mudanças, nos perguntamos: Qual é a importância da gestão pública nas nossas vidas? Em que consiste o papel do gestor? Como garantir programas e políticas públicas para que a capacidade coletiva aumente e o serviço público seja de melhor qualidade? Os (as) eleitos (as) e re-eleitos (as) já se deram conta da diferença entre os conceitos administrar e cuidar?

A resposta a estas perguntas divide as políticas públicas, as tradições humanistas, os partidos, as igrejas, as entidades e os movimentos. Cresce, em nossa Região, mais e mais a convicção de que as estratégias meramente assistencialistas e paternalistas não resolvem como nunca resolveram os problemas dos pobres e excluídos. Há um descuido e um descaso pela coisa pública. Organizam-se políticas pobres para os pobres; os investimentos sociais em segurança alimentar e nutricional, em saúde, em educação e em moradia são, em geral, insuficientes. Há um descuido vergonhoso pelo nível moral da vida pública marcada pela corrupção e pelo jogo explícito de poder de grupos marcados pelo interesse corporativo.

Um dos maiores desafios lançados à política orientada pela ética e ao modo-de-ser-cuidado é conceber a gestão pública como idéia de serviço à sociedade, muito além da imagem de desconfiança, formalismo e burocracia que o senso comum sugere. O (a) gestor (a) público é acima de tudo um (a) servidor (a), e sua missão é garantir a funcionalidade da estrutura administrativa para que os direitos das pessoas sejam assegurados e também para que os deveres dos cidadãos e cidadãs sejam cumpridos. O ocupante da função pública, para ser legítimo e plenamente representativo, tem que estabelecer formas de aferição para agir com sintonia com seus representados. Prestar contas do que faz. Saber lidar com os mecanismos de controle, que há tempo deixaram de ser apenas as ferramentas tradicionais de avaliação. Buscar a governança através do consenso firmado na transparência, no bem comum e na garantia de que as mudanças que se fazem necessárias serão implementadas nos próximos quatro anos.

Assim, mais do que uma reflexão, é necessário nos convencermos de que a construção de uma nova sociedade está diretamente relacionada com os valores que praticamos. Mudar a sociedade não é apenas mudar os proprietários dos meios de produção, mudar o regime político, transformar as classes sociais. Representa uma atitude de ocupação, preocupação, de responsabilização e de envolvimento afetivo com o outro. Cuidar é mais que um ato; é uma atitude.

José Lourenço Pechtoll – jornalista; Gerente de Armazenagem da Ceagesp.
pechtoll@terra.com.br

Ademir de Souza – Contabilista; Assessor Técnico da Ceagesp
ademir.souza@uol.com.br

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

SE GAZA CAIR, CISJORDÂNIA CAIRÁ DEPOIS

28 DE DEZEMBRO DE 2008 - 13h40
*Sara Roy:
O sítio de Gaza, por Israel, começou em 5 de novembro, um dia depois de Israel ter atacado a Faixa, ataque feito sem possibilidade de dúvida para pôr fim à trégua estabelecida em junho entre Israel e o Hamás. Embora os dois lados tenham violado antes o acordo, nunca antes acontecera qualquer violação em tão grande escala. O Hamás respondeu com foguetes, e desde então a violência não recrudesceu.
Por Sara Roy*
Com o sítio, Israel visa a dois principais objetivos. Um, reforçar a idéia de que os palestinos são problema exclusivamente humanitário, como pedintes, mendigos sem qualquer identidade política e, portanto, sem reivindicações políticas. Segundo, impingir a questão de Gaza, ao Egito.
Por isso, os israelenses toleram as centenas de túneis que há entre Gaza e o Egito, pelos quais começou a formar-se um setor comercial informal, embora cada vez mais regulado. A muito grande maioria dos habitantes da Faixa de Gaza vive em condições de miséria, com 49,1%, estatísticas oficiais, de desempregados. De fato, os habitantes de Gaza já sabem que está desaparecendo rapidamente, para todos, qualquer possibilidade real de emprego.
Dia 5/11, o governo de Israel fechou todas as vias de entrada e saída de Gaza. Comida, remédios, combustível, peças de reposição para as redes de energia, água e esgoto, adubo, embalagens, telefones, papel, cola, calçados e até copos e xícaras não entram nos territórios ocupados em quantidade suficiente, ou absolutamente não há.
Conforme relatórios da Oxfam, apenas 137 caminhões com alimentos entraram em Gaza no mês de novembro de 2008. Em média, 4,6 caminhões/dia; em outubro de 2008, entraram em média 123; em dezembro de 2005, 564. As duas principais organizações que levam comida a Gaza são a UNRWA, Agência de Ajuda Humanitária da ONU para os Refugiados Palestinos e o Oriente Médio; e a WFP, "Programa Alimento para o Mundo". A UNRWA alimenta aproximadamente 750 mil palestinos em Gaza (cerca de 15 caminhões/dia de alimentos). Entre 5/11 e 30/11, só chegaram 23 caminhões, cerca de 6% do mínimo indispensável; na semana de 30/11, chegaram 12 caminhões, 11% do mínimo indispensável.
Durante três dias, em novembro, a UNRWA esteve totalmente desabastecida e 20 mil pessoas não receberam a única comida com que contam para matar a fome. Nas palavras de John Ging, diretor da UNRWA em Gaza, praticamente todos os atendidos pela organização dependem completamente do que recebem, seu único alimento. Dia 18/12, a UNRWA suspendeu completamente a distribuição de alimento, dos programas regulares e dos programas de emergência, por causa do bloqueio israelense.
A WFP enfrenta problemas semelhantes; conseguiu enviar apenas 35 caminhões, dos 190 previstos para atender as necessidades da Faixa de Gaza até o início de fevereiro de 2009 (mais seis caminhões conseguiram chegar a Gaza, entre 30/11 e 6/12). E não é só: a WFP é obrigada a pagar pelo armazenamento dos alimentos que não podem ser enviados a Gaza. Só em novembro, pagou 215 mil dólares. Se Israel mantiver o sítio a Gaza, a WFP terá de pagar mais 150 mil dólares pelo armazenamento dos alimentos, no mês de dezembro, dinheiro que deveria ser usado para auxiliar os palestinos, mas está entrando nos cofres de empresas israelenses de armazenamento.
A maioria das padarias comerciais em Gaza (30, de 47) foi obrigada a fechar as portas por falta de gás de cozinha. As famílias estão usando qualquer tipo de combustível que encontrem, para cozinhar. Como a FAO/ONU já informou, o gás é indispensável para manter aquecidos os criadouros de aves. A falta de gás e de rações, já levou à morte milhares de galinhas e frangos. Em abril, conforme a FAO, já praticamente não haverá galinhas e frangos em Gaza e para 70% dos palestinos, carne e ovos de galinha são a única fonte de proteína.
Bancos, impedidos por Israel de operar nos territórios ocupados, fecharam as portas dia 4/12. Num deles há um aviso, em que se lê: "Por decisão da Autoridade das Finanças na Palestina, o banco permanecerá fechado hoje, 4/12/2008, 5ª-feira, por falta de numerário. O banco só reabrirá quando voltar a receber moeda."
O Banco Mundial já antecipara que o sistema bancário em Gaza entraria em colapso se as restrições continuassem. Todo o fluxo de dinheiro para os programas foi suspenso, e a UNRWA suspendeu a assistência financeira a outros subprogramas, para os mais necessitados, dia 19/11. Também está paralisada a produção de livros didáticos e cadernos, porque não há papel, tinta de impressão e cola, em Gaza. Com isso, 200 mil estudantes serão afetados, ano que vem, no início das aulas.
Dia 11/12, o ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak, enviou 25 milhões de dólares para o sistema bancário na Palestina, depois de um apelo do primeiro-ministro palestinense, Salaam Fayad; foi a primeira remessa, desde outubro. Não bastará nem para pagar o mês de salários atrasados dos 77 mil funcionários públicos de Gaza.
Dia 13/11, foi suspensa a operação da única estação de energia elétrica que opera em Gaza; as turbinas foram desligadas por absoluta falta de diesel industrial. As duas turbinas movidas a bateria 'caíram' e não voltaram a funcionar dez dias depois, quando chegou um único carregamento de combustível. Cerca de 100 peças de reposição, encomendadas para as turbinas, estão há oito meses no porto de Ashdod, em Israel, a espera de que as autoridades da alfândega israelense as liberem. Agora, Israel começou a leiloar as peças não liberadas, porque permanecem há mais de 45 dias no porto. Tudo feito conforme a legislação de Israel.
Durante a semana de 30/11, 394 mil litros de diesel industrial foram liberados para a estação de produção de energia: aproximadamente 18% do mínimo que Israel está legalmente obrigado a fornecer. Foi suficiente apenas para fazer funcionar uma turbina, por dois dias, antes de a estação ser novamente fechada. A Gaza Electricity Distribution Company informou que praticamente toda a Faixa de Gaza ficará sem eletricidade por períodos que variarão entre 4 e 12 horas/dia. Em vários momentos, haverá mais de 65 mil pessoas sem eletricidade.
Nem mais uma gota de óleo diesel (para geradores e para transporte) foi entregue essa semana (como já acontece desde o início de novembro); nem de gás de cozinha. Os hospitais em Gaza estão operando, ao que parece, com diesel e gás recebido do Egito, pelos túneis; ao que se diz, são produtos administrados e taxados pelo Hamás. Mesmo assim, dois hospitais em Gaza estão sem gás de cozinha desde 23/11.
Além dos problemas diretamente causados pelo sítio israelense, há os problemas criados pelas divisões políticas entre a Autoridade Palestina na Cisjordânia e a Autoridade do Hamás, em Gaza. Por exemplo, a CMWU, que fornece água para a região costeira de Gaza, que não é controlada pelo Hamás, é financiada pelo Banco Mundial via a Autoridade Palestina para a Água (PWA) em Ramállah; o financiamento destina-se a pagar o combustível para as bombas do sistema de esgotos de Gaza.
Desde junho, a PWA tem-se recusado a liberar o dinheiro, aparentemente porque entende que o funcionamento dos esgotos beneficiaria o Hamás. Não sei se o Banco Mundial tentou alguma intervenção nesse processo, mas, por hora, a UNRWA está fornecendo o combustível necessário, embora não tenha orçamento para essa finalidade. A CMWU também pediu autorização a Israel para importar 200 toneladas de cloro; até o final de novembro recebeu apenas 18 toneladas suficiente para o consumo de uma semana de água clorada. Em meados de dezembro, a cidade de Gaza e o norte da Faixa só tinha água por seis horas, a cada três dias.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, as divisões políticas entre Gaza e a Cisjordânia também têm tido sério impacto sobre o abastecimento de remédios em Gaza. O ministério da Saúde da Cisjordânia (MOH) é responsável por comprar e distribuir quase todos os produtos farmacêuticos e cirúrgico-hospitalares usados em Gaza. E todos os estoques estão perigosamente baixos. No mês de novembro, várias vezes o ministério devolveu carregamentos recebidos por via marítima, por não haver espaço para armazenamento; apesar disso, nada tem sido entregue em Gaza, em quantidades suficientes. Na semana de 30/11, chegou a Gaza um caminhão com remédios e suprimentos médios, enviado pelo MOH em Ramállah; foi o primeiro, desde o início de setembro.
Está acontecendo aí, ante nossos olhos, a destruição de toda uma sociedade e nenhum clamor se ouve, além dos avisos da ONU, que são ignorados pela comunidade internacional.
A União Européia anunciou recentemente que deseja estreitar relações com Israel, pouco depois de as autoridades israelenses terem declarado abertamente que preparam a invasão, em larga escala, da Faixa de Gaza e de terem apertado ainda mais o bloqueio econômico, com o apoio, já nada tácito, da Autoridade Palestina em Ramállah. Essa, vê-se, está colaborando com Israel, em várias medidas. Dia 19/12, o Hamás deu oficialmente por encerrada a trégua (que Israel declarou que estaria interessado em renovar), porque Israel não suspendeu (nem diminuiu) o bloqueio.
Por que, como, em que sentido, negar alimento e remédios à população de Gaza ajudaria a proteger os israelenses?
Por que, como, em que sentido, o sofrimento das crianças de Gaza - mais de 50% da população são crianças! - beneficiaria alguém?
A lei internacional e a decência humana exigem que essas crianças sejam protegidas. Se Gaza cair, a Cisjordânia cairá depois.
* Sara Roy é professora do Harvard's Center for Middle Eastern Studies. Autora de Failing Peace: Gaza and the Palestinian-Israeli Conflict.
Artigo reproduzido da Agência Carta Maior

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

DICA - E COMO CULTURA NUNCA É DEMAIS......


"Quer um boa dica? que tal inscrever-se no
“A idéia é: se cadastrar na maior rede de sebos do Brasil, procure suas preferências efetue a compra, o livro será enviado a você e efetue o pagamento somente após o recebimento do livro.
DEPOIMENTOS:

Valmir Souza

Shisleni Macedo
Ótimo
O atendimento foi muito bom e recebi o livro super rápido.

23/11/2008 10:32
Luciana Viola
Ótimo
fui muito bem atendida pelo valmir, e o que mais me surpreendeu foi a rapidez do recebimento do livro. eu recomendo 100 %

22/11/2008 14:33
Cristina Rosa4
Ótimo
Olá Parabéns!!! Foi a primeira vez que recebi antes de pagar, oquedemonstrou confiança do vendedor. O livro estava melhor do que a descrição e adorei a rapidez.

12/11/2008 12:00
Pascoal Farinaccio
Ótimo
Excelente atendimento pela internet e envio rápido do livro, que estava bem conservado e a preço baixo.

05/11/2008 22:16
Erivelto Reis
Ótimo
Excelente. Inovador. Prático. Qualidade, simpatia e comodidade. Livros incríveis. Bons preços. Imperdível.

08/10/2008 15:12
Mario Santos
Ótimo
RECEBI ONTEM. LIVRO EM BELO ESTADO FAREI PAGAMENTO COM O FIM DA GREVE BOA S VENDAS PARABENS MARIO SANTOS

02/10/2008 16:36
Giórgio Gislon
Ótimo
eu te paguei errado, me confundi. vou depositar os três reais que faltaram.

15/09/2008 09:48
Marcos Alberto2
Ótimo
Vendedor hiper-honesto. Envia-lhe o livro antes mesmo que vc. faça o depósito. Livro em boas condições, preço camarada e rapidez impressionante. Altamente recomendado.

14/09/2008 20:27
Wagner Lima
Ótimo
Vendedor honesto.

09/09/2008 19:25
Luciana Corrêa3
Ótimo
Minha compra foi um sucesso!!! Dificilmente encontramos um vendedor que confia no comprador. Primeiro enviou o livro para depois receber. Achei isso incrível!!

SUSTENTABILIDADE - UMA VISÃO HUMANISTA

O conceito de sustentabilidade transcende o exercício analítico de explicar a realidade e exige o teste de coerência lógica em aplicações práticas, onde o discurso é transformado em realidade objetiva. Os atores sociais e suas ações adquirem legitimidade política e autoridade para comandar comportamentos sociais e políticas de desenvolvimento por meio de prática concreta. A discussão teórica, portanto, revela uma luta disfarçada pelo poder entre diferentes atores sociais, competindo por uma posição hegemônica, para ditar diretrizes e endossar representações simbólicas de sustentabilidade, seja em termos de biodiversidade, sobrevivência do planeta ou de comunidades auto-suficientes e autônomas.
Sustentabilidade também nos remete a uma dimensão temporal pela comparação de características de um dado contexto ecológico e sociocultural no passado, no presente e no futuro. O primeiro serve como parâmetro de sustentabilidade, enquanto que o último requer a definição do estado desejável da sociedade no futuro. Experiências políticas passadas, que tentaram impor às gerações presentes os sacrifícios necessários para construir o futuro, revelam o relacionamento conflituoso e complexo subjacente a um problema aparentemente simples conceitual ou taxonômico. Enquanto as práticas dominantes na sociedade (econômica, política, cultural) são determinadas pelas elites de poder; essas mesmas elites são também as principais referências para a produção e disseminação de idéias, valores e representações coletivas. Assim, a força e a legitimidade das alternativas de desenvolvimento sustentável dependerão da racionalidade dos argumentos e opções apresentadas pelos atores sociais que competem nas áreas política e ideológica. Cada teoria, doutrina ou paradigma sobre sustentabilidade terá diferentes implicações para a implementação e o planejamento da ação social.
Instituições e políticas relacionadas à sustentabilidade são construções sociais, o que não significa serem menos reais. Entretanto, sua efetividade dependerá em alto grau da preferência dada às proposições concorrentes avançadas e defendidas por diferentes atores sociais. Portanto, é útil começar com uma breve revisão dos principais argumentos que as várias correntes e atores têm desenvolvido a fim de dar plausibilidade e substância a suas diversas reivindicações de sustentabilidade
Para construir uma sociedade sustentável, é essencial entender que um meio ambiente saudável é condição necessária para nosso bem-estar, o funcionamento da economia e, enfim, a sobrevivência da vida na terra. Entretanto, a vida – individual e social – não pode ser reduzida somente às funções biológicas e de produção-consumo.
Cooperação, compaixão e solidariedade são valores vitais para sobrevivência e a qualidade de vida.
Participação consciente e ativa nas decisões sobre sua própria vida e a vida coletiva dá significado ao empenho humano. Contudo, mesmo democracia e participação que proporcionam direitos e oportunidades eqüitativas para acesso à informação, trabalho, serviços básicos sociais e culturais não são garantias suficientes para a sustentabilidade. Políticas ambientais racionais, assim como eficiência econômica baseada em ciência e tecnologia, podem ser condições necessárias mas não suficientes para a sustentabilidade sociocultural. Esta exige um sistema político com poderes para planejar, coordenar, e fornecer diretrizes a um infinito número de unidades autônomas, independentes, administradas democraticamente e no completo controle de seus recursos. Tal sistema permitiria a criatividade e auto-realização de seus membros, de acordo com suas vocações, interesses e personalidades.
O mais importante avanço na evolução do conceito de sustentabilidade é representado pelo consenso crescente que esta requer e implica em democracia política, equidade social, eficiência econômica, diversidade cultural, proteção e conservação do meio ambiente. Esta síntese, ainda que não aceita por todos, tenderá a exercer uma influência poderosa na teoria e na prática social, nos anos vindouros.


Este texto foi retirado da revista O SciELO- Scientific Electronic Library Online (é uma revista subsidiada pela FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo), escrito pelo pensador e autor Henrique Ratter , licenciado em Ciências Sociais, mestrado em Sociologia, doutorado em Economia Política da Universidade de São Paulo e pós doutorado em Planejamento Urbano e Regional pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts - M.I.T - EUA. É diretor nacional do programa Leadership for Enviromment and Development - LEAD da Universidade de São Paulo e coordenador do Núcleo de Pesquisa em Economia, Sociedade e Meio Ambiente - NAMA. Atualmente é professor titular aposentado da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas, coordenador de pesquisas e consultor de instituições nacionais (CNPq, FINEP, MCT, SEPLAN-SP, SENAI, SEBRAE) e internacionais (Organização Panamericana de Saúde, Organização Internacional do Trabalho - OIT, Universidade das Nações Unidas - UNU, UNESCO, Banco Mundial).

DIFERENÇAS ENTRE O CONSELHO DE CLASSE E O CONSELHO DE ESCOLA


Nas aulas de estrutura que tinha no curso de magistério sempre ficava na dúvida sobre muitos temas, como não tinha ainda experiência pedagógica muitos assuntos me intrigavam, pesquisava, perguntava até entender, já que a decoreba de textos não adiantava. Acho que muitas pessoas também podem tê-las.Por essa razão tento explicar abaixo:
O conselho de classe é o momento de professores, coordenadores e diretores se reunirem para conversar sobre o aproveitamento escolar dos alunos. Em algumas ocasiões, a idéia é simplesmente aprovar ou reprová-los diante dos resultados apresentados por eles no decorrer do ano. Outras vezes, a equipe pedagógica observa as disciplinas nas quais os estudantes apresentam mais dificuldade e formula aulas extras, diferentes programas de ensino ou metas a serem atingidas até o fim do ano letivo.
Já o conselho de escola é formado por professores, alunos, equipe pedagógica e pais de alunos. Ele é o responsável pelas decisões tomadas em benefício da escola, como pintura, organização, eventos, implementação de projetos, reformulação de políticas e o que mais precisar ser resolvido ou mudado. Mas será que a sua escola sabe fazer bom uso desse conselho? Abaixo seguem algumas dicas para você se organizar e transformar a sua instituição em um lugar bem organizado e produtivo.Pena que nem tudo é como deveria ser, o conselho, por exemplo, deveria servir como reflexão das ações e não como forma punitiva e muitas vezes de poder.
Mais alguns esclarecimentos sobre o Conselho de escola:
Precisa contar com, no mínimo 20 e, no máximo, 40 participantes. O presidente do conselho deve ser o diretor da escola e o número de componentes tem de ser proporcional ao número de classes. Pais de alunos podem – e devem – tomar parte nessas decisões. É importante lembrar de que, para participar do conselho de escola, os indivíduos não precisam contribuir financeiramente com a Associação de Pais e Mestres, até porque a colaboração com esse órgão da sociedade civil deve ser voluntário.
Como eleger
A cada início de ano (antes do dia 31 de março), o diretor da instituição tem a tarefa de convocar as eleições do conselho. Considerando que existam 20 vagas para conselheiros, um deles deve ser especialista em educação. O único que não pode concorrer é o diretor, já que a tarefa dele é de presidir as seções. Podem cotar coordenadores pedagógicos, psicopedagogos ou orientadores educacionais.Serão necessários ainda oito professores, cinco pais de alunos, cinco estudantes e um funcionário de outro setor da escola. Lembrando de que aluno só vota em aluno, professor só vota em professor, pais de alunos só votam em pais de alunos e as equipes pedagógica e de funcionários só elegem o seu representante. As eleições devem ser separadas por setor.É importante ressaltar que a escola não pode interferir nos nomes de pessoas indicadas para fazerem parte do conselho. Também não é permitido que ela impeça conselheiros eleitos de participarem das discussões e decisões da instituição. Após as eleições, os nomes dos membros do conselho precisam ser lavrados em ata e fixados em um mural ao qual todos tenham acesso. Além disso, a cada decisão tomada pelo conselho, um livro deve ser assinado pelos participantes. Esse documento deve ficar à disposição de toda a comunidade escolar para que os eleitores tenham conhecimento das obras propostas e realizadas por seus representantes.
Pena que nem tudo é como deveria ser...
o conselho, por exemplo, deveria servir como reflexão das ações e não como forma punitiva e muitas vezes de poder.Alguns esclarecimentos de como deveria ser...Artigo 16 - O conselho de escola, articulado ao núcleo de direção, constitui-se em colegiado de natureza consultiva e deliberativa, formado por representantes de todos os segmentos da comunidade escolar.Artigo 17 - O conselho de escola tomará suas decisões, respeitando os princípios e diretrizes da política educacional, da proposta pedagógica da escola e a legislação vigente.Artigo 18 - O conselho de escola poderá elaborar seu próprio estatuto e delegar atribuições a comissões e subcomissões, com a finalidade de dinamizar sua atuação e facilitar a sua organização. Artigo 19 - A composição e atribuições do conselho de escola estão definidas em legislação específica.SÃO PAULO. Parecer CEE Nº 67/98, de 18 de Março de 1998. Normas Regimentais Básicas para as Escolas Estaduais. Secretaria da Educação/Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas. Diretrizes e bases da educação nacional: legislação e normas básicas para sua implementação. São Paulo: 2001. p.
Postado por ANA SANTOS às 06:02

CONSTRUTIVISMO: Construção da Aprendizagem


O construtivismo não é um método de ensino. Construtivismo é uma teoria a respeito do aprendizado.
Quem adotou e tornou conhecida a expressão foi uma aluna de Jean Piaget, a psicóloga Emília Ferreiro, nascida na Argentina em 1936.
Partindo da teoria do seu mestre, ela pesquisou o processo mental pelo qual as crianças aprendem a ler e a escrever, colocando o nome de construtivismo na sua teoria. Emilia Ferreiro se restringiu a desenvolver uma teoria científica.
No Brasil, a partir da década de 80, escolas começaram a utilizar o construtivismo em sala de aula, e mudaram a forma de alfabetizar as crianças. No Brasil, o construtivismo começou a ser aplicado metodicamente na primeira Escola Novo Horizonte e depois na Escola da Vila, em São Paulo.
No construtivismo existe um sujeito que conhece e o conhecimento se constrói pela ação desse sujeito, sendo que, o ambiente tem um papel muito intenso nessa atuação de construção de ocorrências de aprendizagem dentro das quais o educando vai produzir seu saber.No princípio, o nome construtivismo se aplicava só à teoria de Emilia Ferreiro. Essa teoria priorizou aos educadores a base científica para a formulação de novas propostas pedagógicas de alfabetização sob o prisma da lógica infantil.Em síntese, as crianças não aprendem do jeito que são ensinadas.
Conhecer e construir são ações que necessitam de projetos de assimilação e acomodação, num procedimento estável de reorganização, que é fruto da presteza daquele que interage com o mundo.
Analisada por esse ângulo, uma ação docente construtivista se baseará nas condições concretas do aluno, no conhecimento dos momentos de seu desenvolvimento em afinidade aos esquemas de elaboração mental, respeitando os seus pontos de partida e a sua individualidade dentro do contexto coletivo em que está inserido.Destacamos que o Construtivismo é uma das correntes teóricas compelidas em explicar como a inteligência humana se desenvolve tendo como subsídio o desenvolvimento da inteligência alicerçado pelas interações entre o ser humano e o meio, incluindo as idéias de descobrir, inventar, redescobrir, criar.No Construtivismo a importância do que se faz é igual ao como e porque fazer, buscando delinear os diversos estágios por que passam os indivíduos na ação de aquisição dos conhecimentos, de como se desenvolve a inteligência humana e de como o indivíduo se torna autônomo.
O Construtivismo parte da idéia de que nada, está pronto e acabado, e o conhecimento não é algo terminado, destacando o papel ativo da criança no aprendizado, onde os conhecimentos são construídos pelos alunos mediante o estímulo ao desafio, ao desenvolvimento do raciocínio, à experimentação, à pesquisa e ao trabalho coletivo.
Porém, existe uma polêmica entre Telma Weisz (construtivismo) e Fernando Capovilla (método fônico). O método fônico baseia-se no aprendizado da associação entre sons e letras e usa textos produzidos designadamente para a alfabetização. O construtivismo não prioriza essa associação e trabalha com textos que já façam parte do mundo infantil. O que sabemos é que embate entre os dois métodos de alfabetização está intenso. Nossa opinião é que qualquer que for o procedimento pedagógico, o que interessa é que a metodologia possa interagir com as reais necessidades de conhecimento dos alunos em cada momento do seu aprendizado.
Amélia Hamze Prof FEB/CETEC FISO-ISEB Barretos

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

ENTREVISTA "FERNANDO DOLABELA

Fugir do risco é psicose

O criador da “Pedagogia Empreendedora”, implantada em escolas de 123 cidades, gira a metralhadora contra uma cultura que prepara crianças e adultos exclusivamente para conseguir um emprego.
por Eugênio Esber
Pode ter sido efeito da aceleração da bicicleta ergométrica em que se exercitava no momento da entrevista a AMANHÃ. Ou, ainda, de algum desconforto com a má situação do time do seu coração, o Atlético Mineiro, no campeonato brasileiro. O mais provável, porém, é que a contundência do mineiro Fernando Dolabela, 59 anos, tenha mesmo a ver com a paixão que devota ao estudo do empreendedorismo, tema dos nove livros que já escreveu. O primeiro deles, O Segredo de Luiza, de 1999, tornou-se um dos mais vendidos do Brasil na área de negócios. Dois livros seus deram origem a métodos que estão se difundindo pelo Brasil: Pedagogia Empreendedora, de 2003, inspirou o programa homônimo que já treinou 10 mil professores em 123 escolas, com reflexos no ensino de 300 mil alunos com idade entre 4 e 17 anos. A Oficina do Empreendedor, de 1999, gerou o método que já foi apresentado a 3.500 professores de 350 instituições de ensino superior. Curiosamente, o administrador Fernando Dolabela pretende – e de certo modo está conseguindo – mudar um paradigma educacional no qual não tem boas lembranças. “Eu era o pior aluno da classe no melhor colégio de Minas”, diverte-se, ao falar de sua inadaptação às regras da escola. Para Dolabela, o empreendedor é um rebelde, um inconformado – alguém que propõe o novo. Um perfil que ele não vê emergir das escolas e das famílias brasileiras. “A criança e o adulto aprendem uma só coisa: mandar currículo.”

Como ensinar empreendedorismo a uma criança de 4 anos?
Na verdade, não se trata de ensinar, mas de desenvolver, porque todas as pessoas nascem empreendedoras, assim como todo o mundo nasce com potencial para andar, cantar, tocar um piano. Se você vai ser Mozart ou não, dependerá de muitas coisas. Mas tocar um bifezinho todo o mundo pode. Trata-se, então, de desenvolver o empreendedorismo, de revelar e trazer à tona o que já existe de forma latente em todos nós. Eu contesto este mito de que o empreendedor possui uma configuração genética específica. Que é alguém possuidor de dons, feelings...

O que é empreendedorismo?
Este conceito está numa fase pré-paradigmática; não existe ciência. Temos, portanto, um conceito variável de acordo com a pessoa que responde à pergunta. Eu digo que empreendedor é alguém que sonha e busca transformar seu sonho em realidade. Não estou falando no sonho freudiano. Falo no sentido do sonho que se sonha acordado. Ou seja, empreender é agir, é buscar o sonho, é conceber o futuro. Mas é preciso que esse futuro que a pessoa concebe tenha congruência com o seu eu. E aí entra o papel da educação, que é estabelecer essa congruência para que o sonho possa ser realizado.
Essa congruência diz respeito à factibilidade, à acessibilidade... O sonho é acessível, é ponderável? Eu estou querendo criar baleia na lua?
O empreendedorismo é um conceito associado a empresa...
Este conceito nasceu na empresa mas já transbordou para todas as áreas da atividade humana. Ele contempla o empreendedorismo como uma forma de ser e não de fazer, e está ligado à relação que a pessoa estabelece com o mundo. Pode ser empreendedor o empregado de uma empresa, o político, o padre, o pesquisador, o poeta...

O que é mais importante? A capacidade de sonhar ou o senso prático e realizador?
Sonhar, em si, não quer dizer nada, embora seja um pressuposto. O que configura o empreendedor é a complementação com a ação.

As pessoas sonham muito menos do que poderiam?
Na nossa sociedade, nós não sonhamos. Nem a escola nem a família lidam com os sonhos. Nem a igreja. Ninguém lida com o sonho. O sonho é censurado na nossa sociedade porque é algo perigoso. Imagine alunos que sonham, filhos que constroem o seu próprio sonho.... São filhos que criam problemas para os pais. Porque quase todos os pais têm um sonho para o filho – e não querem que o filho sonhe. A sociedade, com suas imposições, com seu inconsciente coletivo, também impõe sonhos. Porque ela precisa disso, ela sobrevive de sistemas de competências para a produção. Então ela não quer muito sonho, não. Ela quer gente que produza.

Qual o ambiente mais hostil ao empreendedorismo, a família ou a escola?
A família, porque é mais forte. E a escola reforça isso. As duas são farinha do mesmo saco porque são formas de manifestação de um fenômeno chamado cultura. Ambas são inibidoras do potencial empreendedor. E essa inibição opera já quando a criança está no útero. A biologia nos define como uma espécie capaz de empreender. Mas a cultura é que define tudo e acaba com tudo. A cultura é que define inovação tecnológica. Inovação não é fenômeno científico. É cultural. A cultura determina tudo.

Empreendedorismo está ligado à disposição de correr riscos?
Isso faz todo o sentido. Mas aí eu vejo uma deturpação da percepção desse fenômeno. Ninguém gosta de correr risco. Muito menos o empreendedor. Não há ninguém que combata mais o risco que o empreendedor. Tanto é que ele desenvolveu ao longo da história um instrumento de miminização do risco. Aliás, vários instrumentos. A ferramenta mais objetiva é o plano de negócios. O empreendedor foge do risco o tempo todo. Foge, não. Perdão, a palavra não é fugir. Ele enfrenta riscos, mas tenta minimizá-los..

Que diferença há, então, entre o empreendedor e o não-empreendedor diante do risco?
É que o não-empreendedor acha que o mundo, a vida, pode rolar sem riscos. Que ele pode viver sem risco. E isso é coisa de um perfil psicótico. Esse é um autista, mesmo. É aquele cara que fala assim: “Eu quero pro meu filho que ele passe no concurso, entre pra Fiat, que é uma grande empresa, e não viva sob riscos”. Esse é o cara que está ferrado. A vida implica riscos. Viver é perigoso, como dizia o Guimarães Rosa. E se viver é perigoso, é porque é maravilhoso assumir riscos. As pessoas que não aceitam correr riscos são pessoas que se enterram antes de morrer. Não há nada mais triste do que ver uma pessoa fazendo concurso para um TCU não pelo tesão de trabalhar lá, porque deve haver algum..., mas pelo tesão da estabilidade. O cara faz concurso para ser estável. E aí não faz mais porcaria nenhuma na vida. É uma opção absolutamente desprezível. Conheço grandes funcionários públicos, pessoas inovadoras, e não é a eles que estou me referindo, claro, e sim a quem busca o serviço público com o único objetivo de ganhar o salário e não o de oferecer alguma coisa de bom. A pessoa estuda para o concurso público e, depois, no dia em que toma posse, se aposenta...

Quais são as críticas mais comuns ao seu método de educação empreendedora?
A crítica que eu tenho recebido é a crítica piramidal, de quem está no poder. E isso não surpreende. É preciso ter em conta que estamos numa sociedade que não estimula o empreendedorismo. É um fenômeno cultural. Por que é que existe o Vale do Silício? É porque o pessoal de lá é melhor, é mais bonito que a gente? Não é nada disso. A diferença é, principalmente, o estímulo social, o reconhecimento de que a atividade empreendedora é essencial. Lá, por exemplo, a legislação é favorável a quem empreende. O tema regulatório é favorável. Aqui no Brasil temos um quadro cultural inverso a este. Vejamos: o empreendedorismo é uma função de capital social. Capital social é função de democracia, rede, cooperação. Estas coisas estão muito imbricadas. Capital social é a capacidade das pessoas de se associarem para resolver seus problemas. Os países que se desenvolveram e estão hoje, aí, na frente, têm elevado estoque de capital social. Têm uma taxa de associativismo muito maior. Eles são capazes de cooperar. Eles entendem o fenômeno social. Mas quando você tem uma sociedade autocrata, clientelista, não há interesse que a base da pirâmide se fortaleça. Veja que toda nossa legislação favorece quem é grande e quem está no topo da pirâmide. Porque não existe aqui uma legislação amplamente favorável à pequena empresa? Porque Deus quis assim?

De que modo é possível abordar, diante de crianças, questões como lucro e investimento?
Considero atitude dirigista, e portanto nociva, induzir ou preparar a criança para o lucro. Esta é uma opção da criança. Ela irá descobri-la e adotá-la quando quiser e/ou puder. Como eu já disse, o conceito com que lido pressupõe uma forma de ser. Ter empresa é uma das infindáveis formas de se empreender. A educação para crianças busca desenvolver potenciais relativos à construção do futuro, realização, protagonismo, criatividade, liderança, perseverança....

Como fazer a criança distinguir sonho e ilusão sem conter seu ímpeto empreendedor?
É muito fácil. É só fazer duas perguntinhas para as crianças. Este é o eixo metodológico. Primeiro, você diz a ela: “Qual é o seu sonho?”. E depois então vem a segunda pergunta: “O que você vai fazer para transformar seu sonho em realidade?”. A criança é que vai ter de encontrar estratégias para transformar seu sonho em realidade. Este é o grande aprendizado empreendedor. Isso não se ensina. A própria criança desenvolve.

Mas é próprio da criança exercitar suas fantasias, livremente.
Não tem problema. A fantasia faz parte. Mas se ela quer alguma coisa concreta, ela vai ter de resolver o seguinte problema: como irá realizar aquilo? A criança mesma vai perceber o que é o factível ou não para ela. Se o menino de 7 anos diz que quer ser motorista de caminhão do lixo porque acha isso muito legal e o pai tenta dissuadi-lo por causa da globalização, do superávit primário, da taxa Selic e o cacete, o que é que aconteceu ali? Primeiro, o pai matou o sonho. Segundo, o pai privou o filho do cerne da atividade empreendedora que é a criança estabelecer a congruência do seu sonho com o seu eu. Aquela criança aprendeu o quê? Primeiro, que para aprender alguma coisa tem de falar com papai. Porque o pai é fera. Segundo: “A minha emoção não tem nada a ver com o conhecimento. O conhecimento é algo que está além da minha vida”. E aí ela não desenvolve a capacidade de fazer a congruência do sonho com o próprio eu. E se ela não sabe fazer essa adequação ela é uma idiota.

O professor exerce papel semelhante ao desse pai, não?
É isso o que o sistema educacional nos faz. A gente vai à escola e no final de tudo só sabe fazer uma coisa: procurar emprego. Porque a gente não tem condições de se inserir de outra forma. É porque tanto em casa quanto na escola o que temos não é uma educação. Não tem nada a ver com educação. O que temos é a preparação, é o desenvolvimento de competências para o mundo do trabalho. Do primário até a universidade, o sujeito não está se educando, não está se preparando para a vida. Está se preparando para o trabalho – e isso dentro de um clima e de um padrão industrial. Ele é uma mão-de-obra, um recurso para a produção. Então, a criança e, depois, o adulto, só têm uma relação com o mundo: fazer currículo. Ele é fera, ele se formou na USP, é um jornalista emérito, ele é um ótimo engenheiro, é um grande cientista – mas para se inserir no mundo ele só sabe uma língua: curriculum vitae. Mais nada. Houve muitos casos de cientistas e professores que se aposentaram por medo da reforma da previdência no governo FHC. E eu vejo entre eles aquele grande cara que o Brasil precisa – mas que fica de pijama. Apesar de ser um sujeito genial, ele só sabe mandar currículo. Não sabe fazer mais nada. Se alguém arrumar um trabalho pra ele, ele vai. Senão ele fica em casa, de pijama...

O que há de errado em optar pelo emprego?
Não estou criticando quem opta. A questão é que eu sempre fui muito grilado com a relação de dependência proporcionada pelo emprego. Não que eu seja contra. Mas a solução é muito pobre. É pré-histórica. Porque os poderes são desbalanceados. E isso sempre me marcou muito. Porque no emprego você se insere dentro de um mundo em que o espaço para ser você mesmo, o espaço para você expandir seu ego – a gente chama isso de “espaço de si” – é muito limitado. Por isso eu sempre achei que, em termos teóricos, não existe um só empregado que seja feliz. Claro, isso vai como uma metáfora. Só que a dificuldade de se ser feliz no emprego é muito grande. Por quê? Porque, geralmente, o sonho não é seu. Acontece de haver coincidência de sonhos, claro. No entanto, ele sempre vai pensar assim: “Tá tudo bem, mas se eu pudesse estaria em outra condição”. Você encontra empregados satisfeitos, adaptados. Mas felizes, mesmo, você vê poetas, artistas, empreendedores. Porque são pessoas que estão criando, inventando moda, rompendo com padrões, transformando a sociedade.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

COPIEI DA ANA viu gente.......


Ensino fundamental de 9 anos-alguns esclarecimentos sobre a ampliação do Ensino Fundamental
O Ensino Fundamental de nove anos é uma política pública afirmativa de equidade social implementada pelo Governo Federal. Esta política educacional inclui a criança a partir de seis anos no Ensino Fundamental, altera a sua duração de oito para nove anos de idade e estipula o prazo até 2010 para que todos os estados e municípios brasileiros implantem o novo sistema. Tal implantação exigirá mudanças na proposta pedagógica, no material didático, na formação de professor, bem como nas concepções de espaço-tempo escolar, currículo, avaliação, infância, aluno, professor, metodologias.A ampliação em mais um ano de estudo no Ensino Fundamental deve produzir um salto na qualidade da educação: inclusão de todas as crianças de seis anos, menor vulnerabilidade a situações de risco, permanência na escola, sucesso no aprendizado e aumento da escolaridade dos alunos.Segundo o Plano Nacional da Educação (PNE), implantar progressivamente o Ensino Fundamental de nove anos, pela inclusão das crianças de seis anos de idade, tem duas intenções:“oferecer maiores oportunidades de aprendizagem no período da escolarização obrigatória e assegurar que, ingressando mais cedo no sistema de ensino, as crianças prossigam nos estudos, alcançando maior nível de escolaridade”. Em outras palavras, o objetivo desta política pública afirmativa de equidade social é assegurar a todas as crianças um tempo mais longo de convívio escolar, maiores oportunidades de aprender e, com isso, uma aprendizagem mais ampla. No que se refere à questão de direito, objetiva a democratização da educação e a eqüidade social no acesso e na continuidade dos estudos. No que tange a questão pedagógica, tem por fim ademocratização do conhecimento e do acesso até aos níveis escolares mais elevados, assim como mais tempo para aprender e respeito aos diferentes tempos, ritmos e formas de aprender dos alunos.
Postado por ANA SANTOS às 06:21


Boa leitura a todos e todas......

PROCURA EMPREGO - VAI DICAS....


Dicas sobre o que NÃO devemos fazer na hora de procurar um emprego.Confesso que recortei e colei, mas é muito interessante.

Você pode até ficar nervoso na medida em que o processo de seleção da vaga que tanto almeja progride.
Mesmo assim, consegue ser aprovado etapa a etapa.
Chega então a dinâmica de grupo e tudo parece correr bem, mas no dia seguinte, um telefonema rápido ou mensagem eletrônica lacônica informa que você foi desclassificado.
O que aconteceu? Tudo parecia ter corrido relativamente bem, mas você acabou descartado. Por que? Algumas vezes o motivo pode estar relacionado muito mais com algum deslize seu do que com a capacidade que você tem para ocupar a tal vaga. Se se encaixar nas exigências de um cargo já é tarefa difícil, não dá para dar mole e errar justamente naquilo que parece mais elementar: o comportamento na dinâmica. Para isso, o Universia ouviu a opinião de empresas e pessoas ligadas à processos de recrutamento para descobrir quais são os dez principais erros cometidos numa dinâmica de grupo. Veja a seguir o que eles revelaram.Entrar mudo e sair calado"A dinâmica é uma ferramenta que reflete o dia-a-dia do trabalho da empresa. Para isso são analisadas as negociações, a execução de tarefas e a organização, entre outras coisas. O essencial para o candidato é se comunicar num processo seletivo. É necessário participar, falar, se expressar e não ficar alheio à discussão. Quem não interage corre o risco de deixar os concorrentes se sobressaírem. A proposta da dinâmica é entender como os candidatos agem, trabalham em grupo, expõe idéias e se relacionam. No entanto, deve-se manter o equilíbrio para não falar demais e bancar o líder, ou ficar sem participar e não mostrar as qualidades e potenciais."Luiz Alberto Bueno - gerente de recrutamento e seleção da Novartis BrasilNão conhecer sobre a empresa"Se o candidato chega à dinâmica e não sabe o que a empresa faz, transparece que não teve interesse de buscar informações sobre a companhia. Comparecer num processo seletivo informado sobre a organização, os produtos, o que desenvolve ou se está crescendo na área de atuação é muito importante para o desenvolvimento do candidato na dinâmica. Se existe conhecimento sobre a empresa há maior identificação e mais motivação dos candidatos."Renata Damásio - consultora de carreira da Cia de TalentosVestuário inadequado"A roupa do candidato deve ser formal e não pode chamar mais atenção do que ele. O essencial é saber qual é o perfil da empresa para não errar. Para as mulheres o mais importante é tomar cuidado com saias e vestidos, além da maquiagem excessiva. Os homens devem evitar camisas coladas, calças jeans com muitos bolsos e o boné, que é inadmissível. Cores fortes, brilhos e acessórios vistosos também são mal vistos pelos selecionadores. Quando o candidato abusa na roupa, a empresa pode interpretá-lo como alguém artificial, que pode esconder alguma coisa e não tem muito a oferecer."Tadeu Otávio Tales Sampaio - coordenador de estágio e professor de Psicologia da Universidade Fumec de Minas GeraisFalar mal da empresa ou chefe anterior"É complicado um candidato que está em busca de novas oportunidades falar mal da empresa em que trabalha ou do atual chefe. Fica perceptível a postura errônea desta pessoa e a falta de ética. Existem outras maneiras de falar, o momento e a forma certa de colocar um ponto de vista. De imediato passa imagem negativa. As condições particulares não precisam necessariamente ser ditas. De repente, ele fala que está a procura de algo novo, pois a organização vai contra o que acredita. Quando o candidato fala no impulso, a impressão que passa é que diante do primeiro problema com que se deparar, vai falar mal ou procurar outra coisa."Luciana de Barros - analista de recursos humanos sênior da unidade de venda direta do Grupo WhirlpoolFingir comportamentos"Inventar algo que não existe é uma forma negativa de tentar passar numa dinâmica de grupo. Se os observadores forem experientes, esta ação é percebida na hora. O candidato acredita que simular ou se colocar de forma não natural seja positivo para conseguir passar, no entanto, é erro grave. A dinâmica faz parte de um conjunto, e desta forma, manter postura fictícia não é fácil e pode contradizer com as atitudes e comportamentos. Os exercícios estimulam uma expressão espontânea e o candidato com postura irreal não vai ficar a vontade, ter criatividade e naturalidade."Alice Dias Paulino - psicóloga da UEM (Universidade Estadual de Maringá) e psicóloga do trabalho da ABRE (Agência Brasileira de Estágio)Supervalorização de si"Algumas características são fatais. O candidato que se supervalorizar olhará para grupo com visão superior. Porque ele é de escola ou faculdade melhor, fala idiomas e já viajou, pode chegar se achando o máximo e se julgar mais valorizado. Por mais sutil que seja, é perceptível e condenado pelas organizações. Muitas vezes não precisa nem falar, a própria postura da pessoa condiz com esta atitude. Hoje em dia a boa formação é considerada um diferencial, mas a competência comportamental também precisa ser desenvolvida."Ricardo Dreves - diretor geral da Dreves e Associados Consultoria em Recursos HumanosCurrículo com informações mentirosas"Quem está procurando vaga deve apresentar conhecimentos reais no currículo, pois qualquer informação falsa pode ser percebida na dinâmica. Colocar inglês fluente e não falar, ter conhecimento em informática e o mesmo não existir, o desclassificará do processo. Na seleção, o candidato dá ênfase nos conhecimentos que mais domina, quando a dinâmica pede alguma atividade mais complexa, que exija os conhecimentos na prática, há chances de não se dar bem. Às vezes, a apresentação pessoal pode ser em inglês e faltar com a verdade nesta ocasião não soará bem de modo algum. Mentir em questões técnicas é inadmissível."Mirian Meireles - pedagoga e diretora da GNE (Gerenciamento Nacional de Estágios)Falta de postura"O compromisso profissional é observado o tempo todo. Tudo o que o candidato faz pode ser usado contra ou a favor dele. Chegar no horário, respeitar o local em que está, responder quando é chamado, fazer perguntas quando houver oportunidade, são fatores que precisam ser respeitados e, também, são valorizados pelos selecionadores. Quando não acontece, o candidato deixa uma imagem ruim. Na dinâmica de grupo 'compramos' alguém e a pessoa se 'vende'. Observamos mais o conteúdo do que a quantidade de ações."Camila Dantas - responsável pelo desenvolvimento pessoal da BraskemConversas paralelas"Prestar atenção enquanto o colega se expõe é questão de respeito. Geralmente as turmas são grandes e requer paciência até todos se apresentarem. Evitar conversas com pessoas próximas mostra que existe foco com quem dirige a dinâmica ou com quem interage no momento. Deste modo, o candidato demonstra atenção, respeito, ética e profissionalismo. Quando há conversas, o selecionador pode interpretar como atitude de candidato sem concentração em suas ações e até como falta de educação com o próximo. Na maior parte das vezes o selecionador não vai chamar a atenção de quem tem esse comportamento, mesmo porque o objetivo é fazer com que as pessoas se mostrem como elas são."Paulo Ishimaru - gerente de comunicação do Grupo Soma Consultoria em Recursos HumanosNão dar importância ao trabalho da equipe"Quando o candidato trabalhou pouco há dificuldade de lidar com atividades em equipe. As instituições que não são de primeira linha forçam os alunos a fazer mais trabalhos em grupo, realizar atividades fora da sala de aula e procurar emprego. Consequentemente são candidatos que possuem conhecimento maior e podem se dar melhor numa dinâmica de grupo. Já os universitários das faculdades de primeira linha, em alguns casos por terem poder aquisitivo melhor, não são estimulados tão cedo a buscar oportunidades no mercado, executam mais atividades individuais e ficam centrados na própria instituição. Numa dinâmica é necessário entender de hierarquias, pessoas e como trabalhar em grupo."Ricardo Dreves - diretor-geral da Dreves e Associados Consultoria em Recursos Humano
Postado por ANA SANTOS às
06:38


Crianças, como sugestão acesse o site "DOMINIO PÚBLICO" tem coisas otimas lá...vcs vão adorar, depois me contem heimmmm







sábado, 20 de dezembro de 2008

DRAMA DAS ÁGUAS, vai continuar?

Companheiros e companheiras,
O DRAMA DAS ÁGUAS EM SC é um dos maiores exemplos de fracasso das políticas públicas de proteção ambiental e marca = de forma exemplar - com mais uma VIOLAÇÃO os 60 ANOS DA DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS pelas autoridades de Estado brasileiro.Em nosso PORTAL www.defesadavida.org.br publicamos dois artigos sobre a questão, Se puder acesse, leia eajude a divulgar.Atenciosamente

O UNIVERSO CONSPIRA

O delegado Protógenes Queiroz deu uma entrevista à revista Caros Amigos que está nas bancas agora. (Compre vale a pena nela) o delegado fala de sua carreira, da Satiagraha, mas também do passado – do seu passado e do de outras personalidades de nossa história, como o ex-presidente F.H.C., que estaria envolvido em um caso escabroso de corrupção.
A entrevista é longa, há denúncias contra um neto de Jorge “Essa Raça” Bornhausem, Paulo Maluf, Pitta etc., além de outros artigos que valem a leitura. Vamos abaixo:


MYLTON SEVERIANO - Fim da ditadura.
PROTÓGENES - E transição para o regime civil. José Sarney pega o país em frangalhos, devendo até a alma, sem dinheiro para financiar as contas públicas, muito menos honrar compromissos, a famige­rada dívida com o FMI. Havia até o "decrete-se a moratória". Era o papo nosso, da esquerda, dos estudantes, "não vamos pagar, já levaram tudo". E o Sarney, o que faz? Bota a mão na ma­nivela e nossos títulos da dívida externa valiam, no mercado internacional, no máximo 20% do valor de face, era negociado na bolsa de Nova York. No paralelo valiam 1%. O que significa? Não passa pela bolsa. Comprei, quero me livrar, então 1% do valor de face, título de um país "à beira de uma convulsão social, ninguém sabe o que vai acontecer com aquele país, um conjunto de raças da pior espécie": essa, a visão primeiro­mundista, o que representávamos para os ban­queiros. Escória. E aqui estávamos, discutindo a reconstrução do país. Vamos dialogar, botar os partidos para funcionar, eleições, e o Sar­ney tendo que dar uma solução. Fecha a mani­vela e toca a jogar título no mercado de Nova York. Cada título que valia 10%, 15%, mandava dinheiro aqui para dentro. Seis anos depois, o mercado financeiro internacional detectou que no Brasil haveria desordem, até guerra civil, e eles não iam receber o que tinham colocado aqui com a compra dos papéis podres, queriam receber mesmo os 15%. E fazem uma regrinha de três e colocam para o Banco Central: "Você vai instituir uma norma, os títulos da dívida ex­terna brasileira adquiridos no mercado finan­ceiro internacional, no nacional poderão ser convertidos junto ao Banco Central pelo valor de face desde que esse dinheiro seja investido em empresas brasileiras." Bacana, não? Se fun­cionasse como ficou estabelecido, nosso país se­ria uma potência, não? Ainda que uma norma perfeita, acho um critério não normal, não é? Não é moralmente ético eu comprar um título por 15% e ter um lucro de 100%, em tão pou­co tempo. Mas enquanto regra de mercado fi­nanceiro tenho de admitir que sou devedor. Se vendi a 15%, na bolsa, assumi o risco de, no fu­turo, o lucro ser maior para o credor. Tenho que pagar. Foi assim que foi feito? Não. Será que o grupo Votorantim recebeu algum dinhei­ro convertido? Alguma outra empresa nacional do porte recebeu? Não. O que o sistema mon­tou? Uma grande operação em determi­nado período para sangrar as reservas do país, e ainda tinha as cartas de inten­ção, que diziam "se você não me pagar posso explorar o subsolo de 50 mil qui­lômetros da Amazônia".

WAGNER NABUCO - Era a fiança?
PROTÓGENES - Sim. Então me deparo com um ban­co, o Paribas, hoje BNP-Paribas que se uniu ao National de Paris. Com três diretores, em São Paulo, e dois outros, mais um contador que foi assassinado e um laranja que se chamava Alberto. O banco adquire esses títulos, no va­lor de 20 milhões de dólares, não é? E converte no Banco Central e aplica em empresas brasileiras, empresas-laran­ja. Comprou no paralelo a 1 %, eram 200 mil dólares, e converteu a 20 mi­lhões de dólares aqui no Brasil e colo­cou nessa empresa-laranja...

MYLTON SEVERIANO Empresa de quê?
PROTÓGENES - De participações. Chamava-se Al­berto Participações, com capital so­cial de 10 mil reais. Já tem coisa erra­da. Como uma empresa com capital de 10 mil reais pode receber um investi­mento estrangeiro da ordem de 20 mi­lhões? Cadê o patrimônio da empresa? Como é que o Banco Central aprova? Mando pegar o processo. Ela investiu, vamos ver aon­de o dinheiro vai. Converteu os 20 milhões e ao longo de doze meses o dinheiro é sacado mensalmente na boca do caixa em uma conta e convertido no dólar paralelo e enviado para a matriz em Paris. Eu digo "Banco Central, me dá o processo do Paribas". Aí não consi­go, quem consegue é o procurador que tra­balhava comigo, Luiz Francisco. Consegue e remete pra mim em São Paulo. Vejo que no Banco Central houve uma briga interna pela conversão. Os técnicos se indignaram, e inde­feriram. Aí houve uma gestão forte para que houvesse a conversão. De quem? Do ministro da fazenda. Que era quem?

MYLTON SEVERIANO - Fernando.
MARCOS ZIBORDI - Henrique.
MYLTON SEVERIANO - Cardoso.
PROTÓGENES - Tento localizar os banqueiros. Todos fugi­ram. Os franceses todos. O contador, assassina­do. O laranja Alberto morreu de morte natural, enquanto nós estudantes lutávamos, dizíamos que a dívida externa não existia, e, de fato, par­te dela era artificial. A coisa é grave, vamos fa­zer uma continha, nós contribuintes, que cre­mos que existe uma ordem no país. Títulos que adquiri por 200 mil, converti no Brasil os 20 milhões de dólares, quanto tive de lucro? 19 milhões e 800 mil. Vamos fazer essa continha para vocês dormirem direito hoje. Esses 19 mi­lhões mandei para minha matriz, o papel está na minha mão ainda, porque dizia o seguinte a norma do Banco Central: ao converter esse tí­tulo, invista em empresa brasileira, e ao final de doze anos "Brasil, mostre a sua cara e me pague aqui, você me deve, pois sou credor des­sa nota promissória chamada título da dívida externa brasileira". Está na lei. Bota aí. Soma 20 milhões com 19 milhões e 800 mil: 39 mi­lhões e 800 mil. Nós devemos isso aí? E mais, o que pedi? Que o juiz bloqueasse o título do Paribas, não pagasse, indiciei os diretores. Por quê? Porque estava se aproximando o final dos doze anos, o título estava vencendo e tínhamos que pagar. Pedi que o Banco Central enviasse cópia de todos os processos de conversão da dí­vida externa brasileira pra mim. Estou esperan­do até hoje. Sabe o que o Banco Central falou? "O departamento não existe, nunca existiu, era feito por uma seção aleatoriamente lá no Banco Central." Então nós não devemos esse montan­te de milhões que cobram.

RENATO POMPEU - Só não entendi o que o Fernando Henrique Cardoso ganhou com isso.
PROTÓGENES - Calma, calma. Sobrou uma para contar a his­tória. A Célia da Avenida São Luís. A mulher de verdade. Era companheira do Alberto, ex-embai­xador do Brasil no Líbano. Quando estourou a guerra ele fugiu e viveu na França, estudando na Sorbonne. Quem ele conhece lá?

MYLTON SEVERIANO - Fernandinho.
PROTÓGENES - Colegas de faculdade. A Célia, marquei de­poimento numa quinta, véspera de feriado, às seis da tarde na superintendência da Polícia Federal. Uma morena bonita, quase 60 anos, me disse que tinha sido miss, modelo, era só­cia nessa empresa, tinha tipo 1 %. Furiosa, "que absurdo, véspera de feriado, perder meus negó­cios, engarrafamento". Já estava gritando no corredor. Dei um molho de uns trinta minutos até ela se acalmar. Pensei "essa mulher está fu­riosa e tem culpa no cartório". Falei "obriga­do por ter vindo", e ela "obrigado nada, o se­nhor é indelicado, desumano, sou dona de uma indústria de sorvetes, e me chama numa hora importante porque tenho que distribuir sorve­te, é feriado, o senhor não tem coração". No meio da esculhambação, digo "tenho que cum­prir meu dever, sou funcionário público", e ela "aposto que é o caso daquele Paribas, não sei por que ficam me chamando, e tem mais, fui companheira do Alberto, e ele foi muito mais brasileiro que muita gente. Era digno, hones­to, ficam manchando a alma dele. Eu ajudei ele até o fim da vida, inclusive sustentei parte da família dele". Percebi que não sabia a verdade, ela disse "ele morreu pobre, ficou esperando a conversão dessa dívida que nunca houve". De­talhe: na quebra de sigilo bancário encontrei um cheque do Alberto que ele recebeu, 64 mi­lhões, na boca do caixa do banco Safra. E ele transfere as cotas para uma empresa criada pelo Paribas em nome dos diretores.

MYLTON SEVERIANO - No Brasil?
PROTÓGENES - Já é um Paribas do Brasil. Transfere para a subsidiária, e os diretores começam a sa­car. O primeiro quem recebe é ele, valor equi­valente a 5%. E ela disse "ele não recebeu a comissão dele que era de 5%". Bateu! Tran­quei o gabinete, falei "vou mostrar um do­cumento, mas se disser que mostrei, pren­do a senhora", era a cópia do cheque, com assinatura e data. A mulher começou a cho­rar. "Desgraçado. Que o inferno o acolha!" Ela disse "tenho muito documento na minha casa". Se fizesse pedido de busca e apreensão chamaria atenção da Justiça, teria um inde­ferimento. Essa investigação estava sendo arrastada. Fiz uma busca e apreensão ao in­verso, "a senhora permite que selecione o que quero?", ela disse "perfeito". Naquela véspera de feriado, peguei dois agentes, con­trariando colegas que queriam ir embora...

MYLTON SEVERIANO - Qual o ano?
PROTÓGENES - 2002. Saímos de lá de madrugada, era um apartamento antigo, magnífico. Ela cho­rando, "desgraçado, até comida na boca eu dei". Ela me dá uma agenda, "aqui parecia o Banco Central, eu atendia o doutor Alberto, da área internacional". Encontrei documen­tos, agendas que vinculavam ele ao Armínio Fraga, ao Fernando Henrique, inclusive uma carta manuscrita, não vou falar de quem, de­pois confirmada, ela falou "levei esse presen­te, pessoalmente, até a casa do Fernando". Mandei documentos para perícia. Na época era eleição do Fernando Henrique.

RENATO POMPEU - Não, do Lula.
PROTÓGENES - Isso. Lula venceu contra Serra. Fernando Henrique era presidente.
RENATO POMPEU - Ele recebeu dinheiro então?
PROTÓGENES - Vamos pegar a linha do tempo. Ele sai de ministro da Fazenda e vira presidente. O ge­rente da área internacional que dá o parecer no processo, quem era? Armínio Fraga. Que presidiu o Banco Central. Essa investigação não sei que fim deu. Pedi ao Banco Central o bloqueio de todos os títulos da dívida externa brasileira que foram convertidos. E pedi cópia de todos os processos de conversão junto ao Banco Central para investigação.

RENATO POMPEU - Saiu na mídia?
PROTÓGENES - Em parte, mas foi abafado. Quem conseguiu publicar foi, se não me engano, a Época.

PALMÉRIO DÓRIA - Citando Fernando Henrique?
PROTÓGENES - Não, não citou. A reportagem era "Fraude à francesa". Essa investigação surge da denúncia de um advogado, Marcos Davi de Figueiredo. Ele sofre uma pressão implacável dentro do ban­co. A Célia passa a ser ameaçada, logo que pres­ta depoimento entregando tudo. Inclusive os es­critórios que deram suporte a essa operação, um do Pinheiro Neto, e ela diz que sofria ameaça do próprio Pinheiro Neto. O procurador foi o dou­tor Kleber Uemura.

MARCOS ZIBOROI - É a última notícia?
PROTÓGENES - Sim. Parece que ele tinha conseguido a que­bra de sigilo bancário. Depois o dinheiro saiu no mercado paralelo e entraram grandes empresas com esquemas de saída de dinheiro. Tinha a Co­tia Trading, que tinha uma coisa com a Volkswa­gen. Entra gente muito poderosa no esquema. Pedi a quebra de sigilo de todas as pessoas que participaram da fraude. E o Kleber conseguiu, aí não acompanhei mais. O Tribunal Federal deu a decisão de que era para não ter quebra de sigilo, era a juíza, salvo engano, Sylvia Steiner. Dá de­cisão favorável ao banco. Meses depois é nomea­da juíza do Tribunal Penal Internacional pelo...

RENATO POMPEU - ... excelentíssimo presidente da República.
Pergunto a você que me lê: Nossa grande imprensa vai repercutir a entrevista? Será que o senador campeão do Congresso em Foco,
Álvaro Dias, vai encomendar à Veja uma reportagem?